Manifestantes apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) bloqueiam 45 pontos nas rodovias federais do Estado, alguns de forma parcial e outros com bloqueio total. Na segunda-feira, a movimentação iniciou na parte da manhã, na BR-392, no quilômetro 66, em Pelotas, com fechamento parcial, passando apenas veículos de passeio e motos. Na parte da tarde, o bloqueio foi total, com "pare e siga" a cada 10 minutos.

Pneus e outros materiais foram utilizados para atear fogo em uma das pistas da rodovia. Todos os caminhões que transitam pela estrada, no sentido Pelotas/Porto Alegre, estão sendo direcionados para o pátio do posto de combustível existente no local. No quilômetro 115, em Canguçu, o bloqueio da rodovia é total.
A reportagem do Diário Popular esteve no bloqueio em Pelotas, onde foi hostilizada e não conseguiu realizar o trabalho junto aos manifestantes. Um comerciante, um pouco mais afastado do grupo, que preferiu não se identificar, disse que o movimento servia para dar legitimidade ao presidente da República. “A eleição de ontem foi roubada. Aliás, faz mais de três anos que estão tentando roubar o governo. Ficaremos aqui até que o Lula seja deposto.”
Alguns caminhoneiros que estavam no estacionamento do posto concordaram em falar desde que não fossem identificados. Um deles disse ser contra o movimento. “Esses que estão aí bloqueando a estrada são caminhoneiros autônomos, que ganham aquele benefício de R$ 1 mil por mês e que estão morrendo de medo de perder a boquinha quando o atual governo sair.”
Em um grupo de cinco caminhoneiros, também afastados daqueles que estavam fechando a rodovia, a opinião era de que não era a hora certa para paralisação. “Neste momento acreditamos que eles estão prejudicando ainda mais o presidente. Se quisessem fazer valer, que façam isso no dia 1º de janeiro de 2023”.

Nota da PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) lançou uma nota de esclarecimento, onde divulga que é uma instituição permanente de Estado e que desde domingo (30), quando surgiram as primeiras interdições, adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo, direcionando equipes para os locais e iniciando o processo de negociação para a liberação das rodovias, para garantir, além do trânsito livre e seguro, o direito de manifestação dos cidadãos, como já aconteceu em protestos anteriores.
Ainda segundo a nota, “a PRF já acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) em todos os estados onde foram identificados pontos de bloqueio, para obter interdito proibitório na Justiça Federal, objetivando, liminarmente, a expedição de mandado judicial, garantindo a fluidez nas rodovias federais brasileiras e garantindo o ir e vir dos cidadãos, além de seguir monitorando de perto os locais com alta proibição de interdição”.